domingo, 18 de novembro de 2012

Para São Luís

Neste ano de aniversário de 400 anos da minha cidade, minha querida São Luís, resolvi falar do que me agrada por aqui. Nasci aqui, já morei em outras cidades do Maranhão, já visitei diversas cidades do Brasil, mas sinceramente, quero morrer aqui também. São Luís de muitos nomes e de muitas fantasias, se reveste de grandes feitos históricos, grandes indústrias no passado e grandes empresas no presente também. É terra de gente hospitaleira, mas nem tanto, de uma diversidade cultural imensa, de comida deliciosa e grandes paisagens.

Cheia de histórias pitorescas, tem fama de falar um português bem falado. Fama adquirida desde as capitanias, já que um dos seus donatários foi João de Barros, um dos primeiros gramáticos da língua portuguesa, talvez  daí a denominação de Atenas Brasileira do século XIX. Em  meados de 1713, os frades do Convento de Santo Antonio, moveram uma ação judicial contra as formigas que lhes roubavam os mantimentos, quando afastavam a terra debaixo dos fundamentos da construção. Hilário demais. Conta-se ainda que o Padre Antonio Vieira , pregou o famoso Sermão de Santo Antonio dos Peixes, criticando a sociedade ludovicense. Três dias depois de ir embora, quase morre em um naufrágio. Na década de 70, um prefeito quis mudar o nome da Rua dos Veados, para Rua Celso Magalhães, o povo a nomeou como Rua do Prefeito. Essas são somente umas poucas histórias, tem muito mais.

Cheio de peculiaridades, o povo de São Luís, tem um palavreado todo próprio que só entende quem mora por aqui. Lembrei de alguns e resolvi compartilhar.

Ao pegado - ao lado, agarrado, junto;
Arranjar cascaria- criar uma confusão;
Baladeira- rede para dormir;
Cancão- jogo de amarelinha;
Consertar o peixe- tirar as espinhas, as escamas. Limpar o peixe;
Não vale um sibazol - não vale nada. Sem caráter;
Encabulado- pessoa tímida, envergonhada;
Fala mais do que a nega do leite- pessoa tagarela, que fala sem parar. Busca a época da escravidão, onde existiam as amas de leite, que contavam histórias de ninar;
Cara de Nhô Zé-  tolo, abobalhado, que não entende ou finge não entender o que as pessoas falam;
Pau de virar tripa- pessoa bem magra, esquelética;
Pedra-  reggae;
Pão massa grossa-  pão francês;
Pequeno- menino, mulher, homem. Usada bastante. Mas, não igual na novela da Globo, onde a personagem da Taís Araújo usa em demasia. Tem hora e lugar para se usar "pequeno". Outra coisa que ninguém merece nessa novela, é a personagem do Gianne pegar um ônibus, atravessar a Ponte do São Francisco e chegar em Alcântara. São Luís é uma ilha , existe uma baía profundíssima e o canal do boqueirão, temido pelos navegantes, pelos inúmeros naufrágios já ocorridos. Um pouco de geografia não faria mal;
Mangar- zombar, fazer troça de alguém ou de alguma coisa;
Te dô-lhe- te bato.
Fulêro- vagabundo, sem vergonha;
Japonesa- chinelo de dedo, tipo aqueles famosos que não soltam as tiras;

E por último e na minha opinião o mais comum de todos, o "hen-hein",  usado quando se quer afirmar algo ou não acreditar em alguma coisa e fingir que acredita.
E tem mais, a  riqueza do  palavreado é grande, contudo meu post ia ficar enorme se descrevesse todos.

São Luís tem praias lindas, mas com pouco investimento no turismo. Os governantes não se importam com isso. Deixando as mazelas de lado, parabéns São Luís do Maranhão, minha linda e querida cidade.



Foto: Google

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